Antes de começar o post, gostaria de deixar claro que nenhuma criança, adolescente ou adulto deve ser “tachado” como aquela pessoa que tem “depressão e/ou bipolaridade”, por exemplo. A essência de cada um vai MUITO ALÉM do que esses ou qualquer outro quadro clínico. Não se resuma, nem resuma ninguém por ter este ou qualquer outro transtorno de humor. Todos nós somos e podemos muito mais do que qualquer diagnóstico pode nos oferecer. Nossas potencialidades podem e DEVEM ser trabalhadas, apesar de qualquer outra coisa.
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Os conhecimentos sobre a depressão e o transtorno afetivo bipolar com início na infância e na adolescência têm avançado nos últimos anos. Ao investigar o quadro clínico, fica mais fácil desenvolver instrumentos que auxiliam no diagnóstico precoce, e a investigar quais são as melhores formas de tratamento para as crianças e adolescentes portadoras desses transtornos. No post de hoje estarei explicando o que é a depressão e a bipolaridade na infância, quais são os sintomas e como lidar com a criança que venha a ter algum desses sintomas. Confira!!!
A DEPRESSÃO NA INFÂNCIA
A depressão na criança interfere em atividades fundamentais da vida e nas fases do seu desenvolvimento. Seu diagnóstico precoce é muito importante, além, é claro, do encaminhamento para um tratamento adequado visando à promoção da sua saúde mental. Muitas crianças depressivas podem ser qualificadas como “desatentas”, “hiperativas”, “portadoras de tendência anti-social”, enfim… Mas a realidade é que elas podem estar apenas pedindo ajuda agindo dessa forma. A criança geralmente não consegue entender ou lidar com tais sentimentos e acabam pedindo ajuda do jeito delas (através dos maus comportamentos, por exemplo). Vemos então a importância de os pais, educadores e profissionais da área da saúde estarem atentos às manifestações das crianças, buscando seus significados mais profundos.
A genética também pode estar associada à depressão. É comum que, filhos de pais depressivos desenvolvam o mesmo mal, além de outros transtornos de ordem mental e distúrbios de conduta. Para melhorar a saúde mental dos filhos, é importante tratar dos pais e trabalhar com tentativas de mudanças no padrão familiar. Sem essas medidas, o tratamento poderá fracassar.
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Os sinais da presença da depressão infantil são variados e nenhum deles deve ser considerado isoladamente, sendo necessário analisar sua conjunção e a durabilidade dos episódios. Lembrando que a criança não deve ser tratada como um adulto em miniatura, suas particularidades próprias da infância devem ser consideradas. Alguns dos sinais são:
- Rosto triste e corpo caído e frágil, como se estivesse sempre cansado e olhando o vazio;
- A criança não brinca;
- Sonolência e cansaço constante ou
- Dificuldade para dormir e pesadelos constantes;
- Birras e irritabilidade sem razão aparente;
- Maior sensibilidade e choro fácil;
- Falta de apetite;
- Medo e dificuldade em se separar dos pais;
- Sentimento de inferioridade;
- Baixo rendimento escolar e
- Incontinência urinária e fecal.
TRANSTORNO BIPOLAR NA INFÂNCIA
O transtorno bipolar é uma doença psiquiátrica que ocorre tanto em adultos quanto em crianças. Contudo, há especialistas que afirmam que o diagnóstico em crianças é, muitas vezes, difícil e questionável. Do mesmo modo, há estudiosos que dizem que o diagnóstico precoce da doença pode evitar uma série de danos ao paciente geralmente causados pela doença.
Ele é caracterizado por alterações graves de humor, que envolvem períodos de humor elevado e outros períodos de depressão. Seus sintomas estão associados a sintomas cognitivos, físicos e comportamentais específicos. De acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5), o transtorno se diferencia em dois tipos principais: o Tipo I, em que a elevação do humor é grave e persiste (mania), e o Tipo II, em que a elevação do humor é mais moderada (hipomania).
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Apesar de haver discordância quando se “rotula” crianças e adolescente com diagnósticos de algum trastorno mental, a gravidade do transtorno bipolar e sua tendência incapacitante tornam essencial um adequado diagnóstico, de modo que um tratamento apropriado possa ser administrado. Quanto antes diagnosticar de forma correta, melhor é. Quando se é criança a doença ainda não está definitivamente instalada, diferente do caso de adultos, onde o transtorno já pode estar definitivamente instalado.
O Dr. Drauzio Varela publicou, durante uma entrevista sobre o Transtorno Bipolar, uma lista de comportamentos (adaptada do livro The Bipolar Child), que pode ser utilizada em caso de suspeita. É bom lembrar que estes itens são apenas indícios e que eles devem ser comprovados em consulta médica com base num relato dos pais, professores e de outros indicativos que permitam se aprofundar no comportamento da criança.
Segundo o Dr. Drauzio, se forem assinalados mais de 20 itens dela, recomenda-se que a criança seja examinada mais a fundo por um psicólogo ou psiquiatra. Veja:
- Fica aflito demais quando separado da família;
- Demonstra ansiedade ou preocupação excessiva;
- Tem dificuldade para levantar-se pela manhã;
- Fica hiperativo e excitável à tarde;
- Tem sono agitado ou dificuldade para conciliar o sono;
- Tem terror noturno ou acorda muitas vezes no meio da noite;
- Não consegue concentrar-se na escola;
- Tem caligrafia pobre;
- Tem dificuldade em organizar tarefas;
- Tem dificuldade em fazer transições;
- Reclama ao sentir-se aborrecido;
- Tem muitas ideias ao mesmo tempo;
- É muito intuitivo ou muito criativo;
- Distrai-se facilmente com estímulos externos;
- Tem períodos em que fala excessiva e muito rapidamente;
- É voluntarioso e recusa-se a ser subordinado;
- Manifesta períodos de extrema hiperatividade;
- Tem mudanças de humor bruscas e rápidas;
- Tem estados de humor irritável;
- Tem estados de humor vertiginosamente alegres ou tolos;
- Tem ideias exageradas sobre si mesmo ou suas habilidades;
- Exibe um comportamento sexual inapropriado;
- Sente-se facilmente criticado ou rejeitado;
- Tem pouca iniciativa;
- Tem períodos de pouca energia ou se isola;
- Tem períodos de dúvida sobre si mesmo ou de baixa estima;
- Não tolera demoras ou atrasos;
- Persegue obstinadamente suas próprias necessidades;
- Discute com adultos ou é mandão;
- Desafia ou se recusa a cumprir regras;
- Culpa os outros por seus erros;
- Enerva-se facilmente quando as pessoas impõem limites;
- Mente para evitar as consequências de seus atos;
- Tem acessos de raiva ou fúria explosivos e prolongados;
- Tem destruído bens intencionalmente;
- Insulta cruelmente com raiva;
- Calmamente faz ameaças contra outros ou contra si mesmo;
- Já fez claras ameaças de suicídio;
- É fascinado por sangue ou coágulos;
- Já viu ou ouviu alucinações.
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Enfim, a depressão infantil e o transtorno bipolar estão relacionados a temperamento, fatores genéticos, eventos adversos da vida, problemas acadêmicos, divórcio, abuso físico e sexual e fatores neurobiológicos. Estes transtornos interferem na vida da criança e do adolescente, afetando seu rendimento escolar e seu relacionamento familiar e social. A melhor forma de lidar com este assunto é levando a criança para um tratamento profissional. O tratamento pode ser realizado com psicoterapia e/ou medicações que um psiquiatra pode receitar (NUNCA medique a criança por conta própria).
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Artigos de referência:
WENDT, G. W. e APPEL, M. Aspectos diagnósticos do transtorno bipolar na infância: uma revisão abrangente. Revista de Psicologia, vol. 13 Nº 18, 2010.
Transtorno afetivo bipolar na infância e na adolescência. Rev Bras Psiquiatria;26(Supl III):22-6. São Paulo, 2004. <http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbp/v26s3/22335.pdf>
CALDERARO, R. S. S. e CARVALHO, C. V. DEPRESSÃO NA INFÂNCIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO. Psicologia em Estudo. Maringá, v. 10, n. 2, p. 181-189, mai./ago 2005. <http://www.scielo.br/pdf/pe/v10n2/v10n2a04.pdf>
Fonte: http://drauziovarella.com.br/letras/t/transtorno-bipolar/
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